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Futsal Mundo: Copa do Mundo feminina deve ser a meta para aproximar futsal da Olimpíada

02 de novembro de 2018 às 13:09:58


Jaime Yarza, um dos responsáveis pela estreia do esporte nos Jogos da Juventude, analisa o sucesso do torneio e fala sobre os desafios para o futsal se consolidar no programa olímpico

Chefe de Competições da Fifa, o espanhol Jaime Yarza é considerado um dos responsáveis pela estreia do futsal no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude. Apaixonado pela modalidade desde a adolescência, trabalhou nos cinco Mundiais realizados desde a edição de 2000, na Guatemala. É natural que acalente o sonho de todo salonista: o de ver o futsal como parte integrante dos Jogos Olímpicos.

Yarza fala sete idiomas e chegou à Fifa em dezembro de 1998, como tradutor. Logo, passou a gerente de competições de futsal, de futebol de areia e de base, ajudando no desenvolvimento do esporte da bola pesada pelo mundo.

O dirigente foi crescendo na Fifa até se tornar chefe de Competições, em maio de 2015. Ao lado do diretor Colin Smith, hoje é o responsável por eventos como as Copa do Mundo, os Mundiais Sub-20 e Sub-17, os torneios olímpicos de futebol e as Copas do Mundo de Futsal e de Futebol de Areia. As responsabilidades são muitas, mas o espanhol não abandonou a origem. Durante os Jogos Olímpicos da Juventude, de 6 a 18 de outubro, foi visto mais à beira da quadra dos que nas tribunas, trabalhando em funções como coordenador geral e assistente de mesa. Como ele mesmo definiu, queria estar junto aos jogadores para viver dentro de quadra a primeira experiência olímpica.

Em uma entrevista de seis minutos com o GloboEsporte.com, logo após o encerramento do evento que coroou Brasil, no masculino, e Portugal, no feminino, como os primeiros campeões olímpicos da juventude da história do futsal, Jaime Yarza falou com emoção sobre as experiências vividas e apontou os próximos passos que o futsal precisa dar para se manter na família olímpica, como a criação de uma Copa do Mundo Feminina de Futsal da Fifa.

Qual a sua avaliação da estreia do futsal no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude?

JAIME YARZA: É um sonho realizado. Trabalhamos nessa direção por muitos anos. Estou especialmente orgulhoso por haver conseguido que as meninas estejam aqui também. As mulheres são as que mais necessitam destas competições. Além de tudo, correu tudo muito bem. Foi um torneio bem-sucedido. O nível técnico dos meninos foi espetacular, o que demonstra o momento do futsal. As meninas, inclusive, deram espetáculo. Necessitamos de desenvolvimento, e isso aqui (os Jogos da Juventude) as ajudará a crescer e a continuar o desenvolvimento do futsal feminino.

Tivemos, no feminino, jogadoras interessantes como Pipó, de Portugal...

JAIME YARZA: Tivemos várias e há várias. O que se nota é que as seleções que levam anos trabalhando na modalidade, como Portugal, demonstram uma qualidade que vai beneficiar e servir de modelo para outras equipes. A participação do futsal, com 10 equipes no torneio masculino e outras 10 no feminino, aqui em Buenos Aires, está alinhada com a ideia de desenvolvimento de outros esportes no COI, como o basquete 3x3 e o rúgbi de sete.

Vimos aqui o senhor trabalhando nos Jogos em funções que exerceu no passado, como coordenador geral de partidas, checando tudo, conversando e sempre com um sorriso no rosto. Como foi voltar às origens, como homem do futsal, e não como o chefe de Competições da Fifa?

JAIME YARZA: Como te disse, há muitos anos eu tentava empurrar o futsal nessa direção. Então, quando se tornou realidade, eu quis estar na quadra com os jogadores e as jogadoras, para viver, em primeira mão, esse sonho que se tornou realidade.

Como se sentiu com o fim do torneio?

JAIME YARZA: Muito orgulhoso, porém, sabedor que o trabalho não acaba aqui.

Temos que continuar insistindo e trabalhando para continuar na Família Olímpica e para o esporte futsal continuar crescendo.

Sabemos que o fato de a Argentina ter sido campeã da Copa do Mundo de Futsal da Fifa, em 2016, ajudou no trabalho de convencimento do Comitê Organizador Local de Buenos Aires-2018 para a inclusão do futsal no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude-2018. O que pode acontecer para a edição do Senegal, em 2022, e para o sonho maior, que seria a inclusão no programa olímpico dos Jogos Olímpicos de Paris-2024?

JAIME YARZA: Não sei o que pode acontecer. Sei que vamos lutar para que esteja no Senegal, daqui a quatro anos. Para os Jogos Olímpicos de Verão, é um tema muito político, que não me compete opinar.

O que lhe pareceu o ambiente, a torcida argentina e o comparecimento às partidas do torneio de futsal dos Jogos Olímpicos da Juventude?

JAIME YARZA: Nas semifinais, tivemos 6.500 pessoas no ginásio para a semifinal masculina Argentina x Brasil, mais 4.800 na final entre Brasil e Rússia. Isso demonstra que na Argentina houve um crescimento do interesse pelo futsal depois de o país ter conquistado a Copa do Mundo, na Colômbia, em 2016. Há muita gente interessada, e a liga argentina está crescendo muito e despertando interesse. E não apenas isso: as audiências do canal olímpico, eu creio que o futsal foi o esporte mais visto, embora ainda não tenham saído os números oficiais.

Esqueça o cargo que o senhor ocupa na Fifa, a posição de dirigente, e colocando-se como fã de futsal, qual seria o maior passo que a modalidade deveria dar a partir de agora para consolidar a posição de membro da família olímpica?

JAIME YARZA: Eu diria que, Olimpismo à parte, o passo mais importante que devemos dar no futsal é um campeonato mundial feminino. Deve ser a meta de todos os que gostamos desse esporte. Além de tudo, é uma obrigação para (fazer parte) a Família Olímpica. Desenvolver o potencial do futsal feminino e que exista uma competição internacional (da Fifa) são fundamentais. Uma Copa do Mundo Feminina de Futsal é o objetivo que devemos seguir como primeira meta.

 

Fonte: Jorge Luiz Rodrigues – globoesporte.com

 

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