Em 27 de abril 1996, a Confederação Brasileira de Futsal – CBFS -, criou a Liga Futsal. A princípio, a ideia era envolver clubes de todo o Brasil profissionalizando o calendário das equipes. Assim, consequentemente, estruturar e alavancar a modalidade no país, inspirada no modelo norte-americano de basquete, a NBA. Isso porque, para participar da Liga Futsal, era necessário comprar uma franquia ou associar-se a uma já existente. É sobre a história da que hoje é a Liga Nacional de Futsal que a coluna Além da 12 irá relatar em sua estreia.

O INÍCIO DA LIGA FUTSAL

No início, a Liga Futsal fez algumas parcerias com as principais empresas de material esportivo, patrocinadores de renome nacional, clubes tradicionais e emissoras de televisão. Dessa forma, juntos credenciaram a competição como umas das mais importantes do mundo. Contudo, a missão dos envolvidos seria obter uma administração inovadora no futsal, sempre pautada pelo profissionalismo e transparência.

Além, claro, de valorizar as suas competições, tornando-se referência de sucesso no esporte. Sendo assim, o campeão de cada edição, além de receber uma premiação em dinheiro e um troféu, ganhava também o direito de representar o Brasil em campeonatos internacionais.

A 1ª EDIÇÃO

A primeira edição aconteceu entre 27 de abril e 6 de julho de 1996. Dez equipes participaram da competição, que foi disputada em quatro fases. Na primeira, os times jogaram entre si em turno e returno. Os oito melhores passaram às quartas-de-final, disputada em jogos eliminatórios. Os vencedores fizeram as semifinais e os dois melhores disputaram o título em três partidas.

Sendo assim, o Internacional, de Porto Alegre, se consagrou o campeão da primeira edição da Liga de Futsal no Brasil. Apesar do 1º jogo equilibrado terminando em 2 x 2, pasmen, o Colorado aplicou uma grande goleada no 3º e último jogo contra o Vasco, este também do Rio Grande do Sul, por 6 x 1. Assim, ficando 12 x 3 no agregado.

O destaque individual foi Luis Fernando, conhecido como Ortiz, artilheiro do campeonato com 25 gols. Já o Goiás, eliminado para o campeão, ficou na 3ª colocação, enquanto o GM/Chevolet, de São Paulo, ficou em 4º lugar. Ao todo, foram 589 bolas nas redes em 105 duelos no campeonato. Ali era apenas o início de uma série de conquistas do estado do Rio Grande do Sul na LNF.

A CONTINUIDADE

Assim como na primeira edição, o campeonato de 1997 permaneceu sendo realizado com dez participantes e o mesmo modelo de disputa. Entretanto, saíram os seguintes times: AABB/Topper, Arsenal/Texaco, Goias/Futsal e Palmeiras/Rhumell. Dessa forma, entraram para o torneio: Atlético/Pax Minas, Banespa/Phercani, Carlos Barbosa e Ju/DalPonte/Colombo.

Portanto, depois de eliminar Corinthians e Carlos Barbosa, o Atlético superou a equipe do Banespa na final, por 4 x 1 no 2º jogo, e levantou a taça. Ali já começava a ótima trajetória do Carlos Barbosa no futsal, com a 3ª colocação. Naquela oportunidade a competição contabilizou 861 gols, 272 a mais que a 1ª edição, com um jogo a menos, 104.

Nos anos seguintes, novos times conquistaram o campeonato, como o ‘Ulbra’ – 1998, 2002, 2003, o primeiro a ser bicampeão -, além do Vasco da Gama, em 2000, Carlos Barbosa em 2004, e o Jaraguá, de Santa Catarina, em 2005. Os últimos dois dominaram o torneio por sete temporadas, entre 2004 a 2010.

O DOMÍNIO DO JARAGUÁ E CARLOS BARBOSA

Depois do bicampeonato do ‘Ulbra’, o Carlos Barbosa voltou a conquistar o título em 2004. A partir daí, a equipe do Rio Grande do Sul conquistou mais três edições num intervalo de sete temporadas, acumulando, até então, quatro taças. Inclusive, faturou a 11ª edição da liga, que registrava 10 anos de história.

Em contrapartida, o  Jaraguá conquistou o torneio pela primeira vez em 2005, depois com o 3º lugar em dois anos consecutivos. Já em 2010, a Raposa alcançou a marca de quatro títulos do Carlos Barbosa, vencendo o Copagril Futsal, do Paraná, por 4 x 2 no agregado. Falcão foi o grande protagonista do tetracampeonato, sendo artilheiro da liga por três anos consecutivos, na histórica era Malwee. O técnico Fernando Ferretti quem liderou o elenco que também contava com Tiago, Leco, Chico, Xande, Falcão, Valdin, Ari e Lenísio.

NOVA ORGANIZAÇÃO

Em 11 de julho de 2014, o presidente da CBFS, Renan Pimentel, convocou todos os proprietários de franquia ou representantes devidamente credenciados para uma Assembleia. Nela foi aprovada a fundação da Liga Nacional de Futsal (LNF), que hoje é a empresa que controla a estrutura e organiza o campeonato, um dos mais disputados do mundo.

Sendo assim, a 20º edição da competição nacional em 2015, foi a primeira com a gestão independente dos clubes e passou a ser reconhecida como LNF. Ao todo, foram 20 equipes que participaram do campeonato que aconteceu entre os dias 13 de abril e 29 de novembro daquele ano. Na primeira fase todos jogaram entre si em turno único e os 14 melhores se classificaram para a segunda fase.

Foram divididos dois grupos e as equipes jogaram em turno e returno dentro da própria chave. Os quatro melhores avançaram às quartas de final e os vencedores passaram às semis e finais, consecutivamente. Foi quando a equipe do Carlos Barbosa se tornou o maior campeão da liga, único com cinco títulos. Na ocasião, o bicampeão ADC Intelli ficou com o vice-campeonato sofrendo 5 x 3 e 5 x 1 nas duas partidas da decisão.

OUTROS CAMPEÕES

A grande rivalidade entre Corinthians e o Sorocaba, hoje conhecido com Magnus, ficou marcada em 2016. Isso porque o Timão superou o rival na grande final, vencendo as duas partidas da final, por 3 x 2 e 5 x 2. Conquistando, assim, seu primeiro e único título na liga até hoje. O pivô Deivis terminou como o artilheiro do elenco alvinegro com 12 gols.

Por outro lado, a equipe do Joinville levou mais uma conquista para Santa Carina, ao bater o Assoeva, num jogo equilibradíssimo em 2017, decidido apenas na prorrogação do 3º jogo. Até que surgiu o Pato Fusal,  que muita gente ainda não conhece, mas o time paranaense é o atual bicampeão da LNF, podendo se tornar o primeiro tricampeão – consecutivo – em 25 anos de campeonato.

Na última temporada, depois do jogo 1 na final vencendo o Magnus por 3 x 2, o Pato, sem titubear, aplicou 6 x 0 no time paulistano em plena Arena Sorocaba. Com mais um destaque para Di Maria, também decisivo na conquista de 2018.

ESTATÍSTICAS E CURIOSIDADES

Como já citado, o Carlos Barbosa é o maior campeão da competição com cinco títulos. Em seguida, o Jaraguá permanece com quatro e o Ulbra com três. Em contrapartida, ADC Intelli, Atlético Mineiro e Pato, o atual bicampeão, estão com dois. Contudo, Joinville, Magnus, Corinthians, Santos, Vasco e Internacional, fazem parte do grupo com uma conquista.

Se no futebol de campo a maior força é o estado de São Paulo, no futsal é o Rio Grande do Sul que está no topo. Ao todo, são 19 finais e nove conquistas dos gaúchos. Já Santa Catarina obtém 50% de aproveitamento, com cinco títulos em 10 finais. Fechando o ‘pódio’, os times de São Paulo acumulam quatro vices e cinco taças.

O estado de Minas e do Paraná somam duas conquistas da LNF. O Atlético Mineiro foi o vencedor em 1997 e 1999. Ídolos como Vander Carioca, Manoel Tobias e Lenísio vestiram a camisa do Galo. Já o estado do Paraná chegou ao topo da competição nacional por meio do Pato Futsal. Em 2018 e 2019, a equipe de Pato Branco conquistou o bicampeonato.

A Liga Futsal contou com pouco mais de 22 mil gols em 3.713 partidas, desde 1996 a 2014. Desde que virou a LNF, digamos que a ‘era moderna’, a competição acumula 4.279 gols, em 1.057 jogos. Somando os dois, chegamos a 26.288 mil tentos em 4.770 duelos, uma média de 5,5 gols por jogo. A temporada de 2011 foi a que mais teve bolas nas redes, com 1.726.

SEM PREVISÃO DE RETORNO EM 2020

Neste momento, as quadras seguem vazias devido a pandemia do novo coronavírus. Entretanto, já há uma previsão para o início da competição, que poderá contar com um novo formato, por conta do calendário cada vez mais apertado. Sendo assim, caso os clubes aceitem a proposta com três grupos regionalizados, a LNF irá começar em 15 de agosto.

Fonte: Thiago Lopes – radiopoliesportiva.com.br