Futsal de Primeira

SP: Craque da Seleção de futsal revela que vai jogar no campo

16 de novembro de 2022 às 08:41:27


Leozinho também detalha briga que motivou saída do Sorocaba

Em entrevista ao Flow Sport Club, o ala, que já foi eleito duas vezes o melhor jogador jovem do mundo, também revelou ter recebido uma proposta do Corinthians

Três meses depois de ser dispensado pelo Sorocaba Futsal, o ala Leozinho deu uma longa entrevista ao canal Flow Sport Club no Youtube, nesta terça-feira. O atleta deu detalhes sobre a briga com o técnico Ricardinho, que motivou sua saída do clube do interior paulista.

Além de contar sobre uma proposta do Corinthians, o ala de 23 anos, que já foi eleito duas vezes melhor jogador jovem do mundo, também revelou que vai trocar o futsal pelo futebol de campo.

Nascido em Petrópolis-RJ, Leozinho foi nome frequente da Seleção nos últimos dois anos. Disputou o Mundial de Futsal da Lituânia, no ano passado. Por clubes, jogou apenas no Sorocaba Futsal, onde foi revelado em 2017, quando foi um dos sete selecionados em uma peneira de mais de mil garotos.

Pela equipe sorocabana, conquistou diversos títulos, entre eles a Liga Nacional de Futsal 2020, o Mundial de clubes em 2018 e 2019, o Campeonato Paulista em 2020 e 2021, a Liga Paulista 2017 e a Supercopa do Brasil em 2020 e 2021. Considerando apenas a Liga Nacional, marcou 25 gols em 92 jogos.

Em agosto de 2022, Leozinho foi dispensado por indisciplina e problemas de relacionamento. Em nota oficial da época, o Sorocaba informou que a rescisão foi devido a "divergências de pensamentos, atitudes e comportamentos". Sobre as novas declarações do atleta, desta terça-feira, o clube preferiu não se manifestar.

Proposta do Corinthians

Depois da saída do Sorocaba, Leozinho revelou no podcast ter sido procurado por diversos clubes, entre eles o Corinthians, atual campeão da Liga Nacional de Futsal.

— Recebi bastante ligações de clubes do Brasil. O Corinthians me procurou. É um clube de massa, torcida surreal. Sempre que eu ia jogar lá, ficava arrepiado, cantava junto. Fiquei muito feliz. Teve outros clubes que me procuraram, telefone tocou bastante, mas eu não acertei com ninguém. Precisava de um tempo para mim, um tempo para pensar, o que eu quero para minha vida. Você escuta algumas coisas que fazem você repensar, se é isso que a gente quer — disse o jogador de 23 anos.

Das quadras para os gramados

Esse tempo para pensar fez Leozinho tomar uma decisão drástica em relação à sua carreira. O atleta vai tirar a chuteira de futsal e vai passar a usar uma com cravos. Os dribles do futsal agora serão nos gramados. Durante a entrevista ao Flow Sport Club, o jovem carioca não revelou o clube de destino, mas garantiu que será fora do país.

— Tudo isso (que enfrentei) foi uma passagem para eu viver meu sonho de verdade. Quando essa possibilidade (de jogar no campo) se tornou possível, eu não pensei duas vezes, independentemente da história que eu tinha feito no futsal. Fiz minha história e chegou a hora de virar a chavinha. O clube não posso revelar ainda, porque ainda tem algumas questões contratuais. Como eu não assinei nada, ainda não vou divulgar. Mas nesses dois meses, eu estava sumido porque eu estava trabalhando. Vou adiantar que não foi um clube do Brasil. Passei por uma avaliação por 60 dias para ver como eu reagiria e me adaptei super bem. Vou de cara nesse desafio, que é o que eu sempre quis. Vou provar que eu consigo. Mostrar para essa molecada não desistir.

— Em 2021, a troca das quadras pelos campos já se intensificou. Eu já não renovaria com a Magnus. Eu não forcei a briga. Já não ia ficar, mas acabou acontecendo minha saída e encaixou tudo — contou Leozinho sobre seu desejo antigo de brilhar nos gramados.

A briga com Ricardinho

Na entrevista desta terça-feira, Leozinho também deu a sua versão sobre a briga e os últimos dias no Sorocaba Futsal. O clima esquentou bastante entre o jogador e o técnico Ricardinho, no intervalo da partida contra o Foz Cataratas, pela Liga Nacional de Futsal, no dia 15 de julho deste ano.

— Foi uma briga daquelas. Intervalo do jogo, a gente estava vencendo por 1 a 0 e aí ele (Ricardinho) ficou revoltado com algumas atitudes que ele não gostou, que eu tive dentro do jogo. Ele não gostou e veio me cobrar de uma forma que eu achei que passou do limite. Eu falei que não concordava. Ele (Ricardinho) foi e falou: então você não volta para o jogo mais. E aí, eu fiquei cego. Falei algumas coisas pesadas para ele, que nem vou citar aqui, no talo. Teve reunião, fui mandado embora, porque disseram que a relação Léo e Magnus precisava ser interrompida — contou.

— Não tenho raiva nenhuma dele (Ricardinho). Eu acho que não tem certo e errado nessa situação. Vou ter uma parte que vou estar certo, ele vai ter uma parte que está certo. Eu também não sou santo, sou um cara polêmico, tenho uma personalidade muito forte. Mas acho que as pessoas acima de nós poderiam ter coibido a situação para não chegar a esse ponto — continuou Leozinho.

Três dias depois do jogo contra o Foz, o jogador contou que foi chamado pelo presidente do Sorocaba, Fellipe Drommond, que o afastou do clube.

— Aconteceu o incidente na sexta-feira. Na segunda, o presidente marcou uma reunião comigo. Até então, não imaginava que eu seria mandado embora. O presidente falou que a relação precisava ser interrompida, que já estava muito desgastada, porque já vinha acontecendo. Eu falei para ele: eu não concordo, eu acho que a corda está estourando só para um lado. Eu sei que eu falei coisas pesadas para ele, mas eu também tive que ouvir coisas pesadas. Tinha gente lá dentro do vestiário, todos os atletas viram o que aconteceu e você está só me punindo. O presidente falou: Léo, eu pensei muito antes de tomar essa decisão, mas já está decidido. Sei que posso ter consequências negativas por causa dessa decisão. Então falei: não tenho o que fazer, agradeço. Abertas as portas para mim, sucesso para o clube e vida que segue.

Confira outros trechos da fala de Leozinho sobre a briga e os últimos dias no Sorocaba:

Afastamentos de Leozinho (até por dar lambreta)

— O que culminou com minha saída acontece desde que eu cheguei em 2017. Eu sempre tive um desgaste com o treinador, porque a forma que ele me cobrava, passava dos limites. Quando passava do limite, eu rebatia. Isso começou bem pequenininho, mas foi piorando. Aí ficava um tempo sem ter problemas, acontecia alguma coisa: briga, discussão. E tem a tal da hierarquia. Todo lugar vai ter. Acho que hierarquia tem limite e esse limite era ultrapassado. E quem estava acima dele (Ricardinho), não corrigia. Sempre sobrava para o Léo. O Léo brigou, era afastado. O Léo tentou dar uma lambreta no treino, está fora do jogo. Isso eu ia engolindo, aí tinha uma hora que eu não aguentava. Depois, (o clube) teve que aceitar, porque viram que eu não ia mudar. Não estou querendo fazer a caveira de ninguém, mas eu já fui botado para fora de um treino porque eu dei uma lambreta.

Hierarquia

— Fui um pouco injustiçado pela hierarquia. Ele é o técnico e eu sou o jogador, mas só porque ele é o treinador, eu tenho que ir embora e acabou? Não vai ouvir meu lado?

Relação com o técnico Ricardinho

— Tinha uma relação boa até com o Ricardo. Já cheguei a achar que era pessoal a coisa. Até no dia, disse que parecia que ele estava com inveja de mim. Até me arrependi. Você esfria a cabeça e começa a ver as coisas por outro lado. Às vezes ele podia ter um carinho tão grande comigo, que a forma de cobrar era mais áspera. Às vezes essa forma de estar comigo desde o início, acaba fazendo que ele passasse do limite. Ele tem um jeito parecido com o meu, essa personalidade forte. A nossa vontade de vencer é igual.

Gratidão pelo Sorocaba

— O Magnus me abraçou, me deu a oportunidade. Se eu sou o Leozinho que sou hoje, graças a eles, ao presidente, supervisor, ao treinador que me ajudou muito. Não sou hipócrita de dizer que consegui tudo sozinho. É um clube que continuo torcendo. Desde que saí de lá, não perdi nenhum jogo. Estava lá gritando dentro de casa. Fiz amigos, pessoas que vou levar por toda a minha vida. Espero que eles tenham aprendido com a situação, que pode acontecer de novo com outro atleta. E que eu tenha aprendido também.

Lado impulsivo e explosivo

— Sou impulsivo. O que me mata é injustiça e uma situação: eu estou certo aqui e você quer me tirar? Quer me humilhar? Aí pisou no meu calo, esquece. Algumas vezes eu escolhi o jeito errado e isso faz que aconteça o que aconteceu no Magnus. Por mais que eu esteja certo, nada justifica eu reagir da forma que eu reagia e isso traz consequências, nem sempre boas. Se eu estou errado, eu estou errado. Não acho que era o 100% certo na situação do Magnus. Eu sei que eu tenho meus defeitos, que eu posso melhorar e eu sou verdadeiro, falo na cara. Às vezes eu sou sincero até demais. Paguei um pouco por esse jeito implosivo, explosivo.

Terapia

— Faço diariamente um projeto de mentoria esportiva, para ajudar na parte de psicologia, para se preparar para situações difíceis. Mas precisa ter a parte prática, no momento que o jogo está com os nervos à flor da pele. Às vezes, eu tenho atitudes de momento que podem me prejudicar para o resto da minha vida.

Fonte: Arcílio Neto - Redação do GE / Foto: Guilherme Mansueto

 

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